segunda-feira, 24 de outubro de 2016

O Espelho



Costumava ser
Um ser incompreendido
Sob o estandarte mais que perdido
De um existir gerado sem querer,
E entre desejar o indesejável
E prostrar ante o mundo a combater,
Via-me sozinho nesta terra
Sem quem comigo faça a paz pela guerra

O Mundo é um antro de seres quebrados
Um correrio de gente em busca e não sabe de quê,
E se no início fomos juntos, estamos separados
À vontade de uma força que ninguém vê

E sei-o porque sinto que sou de pouco nexo
Sem aquela que num espelho é o meu reflexo.

Nessa cândida manhã do despertar
O primeiro de todas as primeiras eras
Perante esse Espelho me fui vislumbrar,
Movi-me e te mexeste
Sorri e tu sorriste
E se faz o mundo sofrer, sofreste
Tanto como este
Meu ser a que te fundiste

Mas o espelho foi mais além
Do que os estados de emoção,
Dissemos as mesmas palavras
Pensadas como ninguém,
Partilhámos os mesmos pensamentos
Que só o insano tem
E vimos que o mundo é mais que momentos
Ou o estético valor para nós aquém,
O que move o mundo são inventos
Génios na alvorada por renascer.
O espelho fez-me ver
Que não estou só
Nem tu,
E se o xis marca o tesouro
Procuro um espelho no baú.



Por vezes na vida encontramos pessoas com que nos identificamos a uma dimensão quase nunca sonhada. Pessoas que pensam como nós, vivem como nós, sofrem e sorriem como nós. Aquele prazer de iniciar uma ideia e vê-la imediatamente compreendida e até completada, complementada, é difícil de descrever. Sempre admirei pessoas assim, sempre me quis rodear de quem entenda a minha estranha forma de ser, de quem veja no mundo, uma equação por resolver e saiba bem que podemos fazer muito.
Por vezes na vida encontramos pessoas incríveis, tanto que ao olhar nos olhos delas, é como se nos estivéssemos a ver a um espelho. Completamo-nos uns aos outros. 
Um mestre ensinou-me que antes de ser corpo, as nossas "almas" estavam todas unidas como um só. A vida seria portanto o separar das almas e a materialização em corpo. Por vezes reencontramos na vida, almas que estiveram juntas a nós nesse tempo e espaço passado. A ser verdade...

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