A tinta e o sangue
vertem dos céus,
Percorrem os veios da
montanha
E surge ao mar a paz,
a guerra,
O amor, o ódio que se
estranha.
A fome toma os que
servem de bandeja
Os grandiosos
senhores desta terra
E o poeta busca a sua
pena
Enquanto o soldado
ergue a espada
Fortes os viris
desdenhosos
Que pisam no chão de
corpos vivos
Na superfície de tudo
o que existe,
E bradam apelos
festivos
À pouca erudição em
riste,
Como um rebanho de
ovelhas brancas
E o poeta busca a sua
pena
Enquanto o soldado
ergue a espada
E ficam-se os génios
cantando
Odes podres à
crueldade,
Sob o oceano
explorado de pranto;
Lágrimas fortes,
corpo brando
Jaz para toda a
eternidade,
Detêm-se no alto
visionando
E o poeta busca a sua
pena
Enquanto o soldado
ergue a espada
Deus banha-os de obscurantismo
E inteira-os de
servidão,
Continuam de olhos
fechados
Os tirânicos filhos
de Adão,
Sob o jugo da vossa
mão
Em vós próprios
enclausurados
E o poeta busca a sua
pena
Enquanto o soldado
ergue a espada
Incipientes canibais
tomam a terra
E marcha o exército
chicoteado
Sob o empírico chão
de pregos,
Onde a esperança é
sonho alucinado,
A fraternidade é
visão de cegos,
A evolução é contos
de um alienado,
E o poeta busca a sua
pena
Enquanto o soldado
ergue a espada
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