Puxei a porta que diz
empurre
E ao entrar na
repartição
Retirei a senha
E aguardei o
chamamento,
Pensando nesta vida
que se estranha
Em que um olhar é
nada,
E somos levados pelo
vento
De uma nova madrugada,
Em que até o amar é
cinzento.
Escrevia com a caneta
escura
A secretária anafada
E uma jovem sorria
Para o ecran de
telemóvel.
Estamos na bancada
A ver os outros jogar
Esse estranho jogo da
vida,
E a barreira
envidraçada
É como o próprio luar
Numa noite de nébula
vestida.
Pisca a luz da repartição,
Escasseiam os fundos
Deste alegórico escritório,
Preparo a
documentação
Que velório… de
burocracia,
Amar não é ter tempo,
Amor é o tempo em si.
Pisca a luz outra vez
Brilha como brilhaste
na minha vida
Doce beijo do cupido
E naquele ténue
momento
Deste meu sonhar
mendigo
Chamaram-me a ser
atendido
E preenchi o
requerimento
Pr’a poder estar
contigo.
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