Há um mundo lá fora
De egos odiosos, que
se servem
Uns dos outros sem
demora.
Cá dentro há um lobo
Que vagueia no
deserto
Fugindo à agreste
hora
De viver nesse mundo
incerto,
E na sábia solidão
Encontra-se liberto
Do mal, da amargura,
Da tristeza em vão,
Da ignorância que é
censura
À genial minoria,
De com o tempo ter a
desilusão
De ver morrer um
sonho que floria.
E capta nesta
vivência impura
O bom e o mal de só
estar,
Só quem se prende,
vive em clausura,
E se o sofrer é
desejar,
Não deseje ter dos
outros mais que a amargura
Pois se a noite é
escura
O Lobo uiva ao luar.
Acordo na manhã mais
que certa
E não desejo ter
O que não me posso
dar,
Quis mudar a minha
essência,
Hoje não a quero
perder.
Em frente segue o
deserto com urgência,
Há que seguir esse
caminho lendário,
E assim me vou,
Levando a cruz e o
calvário
E esta certeza de que
sou
E serei sempre o Lobo
Solitário.
O "Lobo Solitário" é um dos remates finais do conjunto de poemas correspondentes à fase Psicadélica. Achei peculiar neste poema a sensação de um pensamento depressivo e sombrio que passa ao leitor, quando a mensagem escondida desbrava novas interpretações de coragem e felicidade e uma forma de vencer neste mundo em que vivemos.
Este poema apresenta a tese filosófica da solidão como forma de conquista da independência emocional, com influências do pensamento budista. Deste modo para cessar o sofrimento, anula-se qualquer tipo de desejo que necessito de outras pessoas para além do sujeito poético. Ao anular esse desejo, anula-se a desilusão e o sofrimento de não termos algo que queremos.
Esta cruz que carrego, este calvário, podem ser interpretados como uma manifestação de tristeza e sofrimento, mas são parte integrante da minha pessoa. E hoje não quero perder essa essência. As pessoas vivem a sua vida como querem, eu Sou o Lobo Solitário e chegarei ao fim do Deserto
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